Como estava nesse dia?

Convido-o a um exercício simples. Recorde-se de como era há exactamente um ano. Onde estava, como se sentia?

Se o ajudar pode aceder à galeria de fotografias do seu telemóvel e procurar aquela mais próxima desta data há um ano, para o auxiliar neste exercício.

Agora que a encontrou, analise-a, perca alguns minutos a explorá-la mas seria ainda mais interessante transportar-se a esse seu “eu”. Como estava nesse dia? Quais eram as suas preocupações, os seus maiores desejos? Que emoção o seu olhar transparece, que memória o reporta a essa emoção? Contemple-se nesse momento em que estava prestes a emergir numa profunda mudança de hábitos e rotinas.

Naturalmente cada um de nós teria um diferente estado de ânimo. O interessante e o que lhe quero propor é que sinta e perceba a mudança, a forma como nos transformamos num outro “eu”, com diferentes desejos e diferentes preocupações ainda assim em plena continuidade. É um exercício que poderíamos fazer em qualquer altura mas esta, pelo impacto que a pandemia teve no nosso funcionamento social e emocional é demasiado valiosa para que a possamos perder.

A haver uma conclusão nesta reflexão (o propósito é tão e somente consciencializar-se do caminho que trilhou este ano) é que não temos tudo sob controlo e que num piscar de olhos tudo à nossa volta muda. Os recursos mais valiosos que poderá ter são os emocionais - que perante a adversidade da mudança o manterá flexível, assertivo e com abertura à transformação, e os relacionais - cuidar e ser cuidado é o que mais nos nutre. Ser empreendedor e pró-activo, não se resignar ao insucesso são características para as quais o nosso leque de recursos emocionais é preponderante.

Note que para algumas pessoas este foi um ano de crescimento, amadurecimento dos relacionamentos e de forte sentimento de realização pessoal. Será certamente muito interessante reflectir sobre o caminho que percorreu até aqui e de que forma aquilo que funcionou como limite ao outro o impulsionou na concretização ou superação dos seus desejos.

No entanto, ciente de que este foi um ano duro em termos psicológicos para a maioria de nós e que o segundo confinamento poderá ser desafiante partilharei consigo, nos próximos dias, algumas estratégias simples que o poderão ajudar.