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Estigma da Patologia Emocional

  • Ana Monteiro
  • 25 de mai. de 2021
  • 2 min de leitura

A forma como percepcionamos a patologia física e a emocional é muito distinta. Na doença física tendemos a estar presentes, disponíveis e compreensivos. Na emocional nem sempre é assim.

Certa de que é uma construção social e cultural de uma herança histórica profunda, há ferramentas hoje para superarmos todo o estigma e preconceito a ela associada. No acompanhamento psicológico muitas pessoas partilham este desconforto que sentem aos olhos dos outros, como se esta particularidade os definisse e manipulasse o decurso das suas relações. Sentem-se obrigadas a silenciar todo o sofrimento que as acompanha. Naturalmente o relacionamento interpessoal fica profundamente condicionado e muitas vezes associado à solidão. Nas relações onde as palavras não cabem não cabe também a entrega por inteiro que tanto se deseja. A patologia emocional é demasiadas vezes tida como fragilidade. Ela não é mais do que sinal de sensibilidade, que se torna fragilidade perante o impacto do julgamento do outro. Portanto, depende de cada um de nós, aceitar naturalmente que a vida é feita de altos e baixos, e que nem sempre nos é fácil encontrar o equilíbrio. Da mesma forma os altos não podem ser o modelo social! Note que a euforia esconde sempre o momento de queda muitas vezes profunda e dolorosa. Mas esse é sempre escondido. Reflectirmos sobre estas questões permite-nos quebrar muitas crenças que nos limitam na forma como nos relacionamos e nos cuidamos. Acolhermos de forma natural e sem julgamento a sensibilidade e o sofrimento do outro será sempre muito mais benéfico do que o contrário, terá sempre o poder de permitir ao outro ser quem é de forma plena, e isso é o primeiro passo para a estabilidade e saúde emocional. Acredito que muitos de nós fiquemos sem saber o que dizer perante a partilha, a vulnerabilidade; mas note que ninguém espera uma resposta nem solução, apenas se pretende sentir o seu desconforto acolhido. E para isso uma escuta ativa é suficiente, um sorriso sincero é também muito nutritivo. O que os outros nos pedem é que cuidemos um pouco deles; não faz ideia do valor que existe num telefonema só a relembrar que está disponível. É profundamente inquietante assistir à solidão alimentada pelo medo da reacção dos familiares e amigos e do seu respectivo distanciamento. Não deixemos que a sensibilidade dos outros seja a fragilidade de todos.


 
 
 

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