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Os conflitos, a empatia e introspeção

  • Ana Monteiro
  • 25 de mar. de 2021
  • 2 min de leitura

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A causa dos conflitos nas relações, sejam elas de que natureza forem, surgem frequentemente de uma forte lacuna na empatia, capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, do seu sentir e pensar. Façamos um exercício, acompanhe-me se for do seu agrado. Transporte-se ao último desentendimento que teve. Proponho, que agora auxiliado pela distância temporal, se liberte das emoções e sentimentos associados, da mesma forma retire todo e qualquer filtro de ressentimento ou magoa. Certa de que será um desafio peço-lhe que não desista porque será uma reflexão extremamente rica e que poderá mudar a forma como irá encarar os próximos desentendimentos. Agora que já se colocou naquele momento de desencontro sugiro-lhe que pense nas duas perspectivas. Note que são pontos de vista diferentes mas provavelmente aquilo que mais o incomodou terá sido o comportamento ou a atitude do outro. E a intenção, pensou nela? Sim, a análise da intenção ficou apenas no julgamento que fez de si próprio.


Vamos a um exemplo prático. Alguém próximo de si mente-lhe. Quando descobre, fica profundamente magoado, envolto de emoções negativas e a sentir-se traído. Seremos poucos a abdicar da perspectiva egoica e a reflectir sobre a intenção da mentira; e muitas vezes a mentira assenta no medo de se falhar ao outro, de não se sentir suficiente. Inúmeras vezes serão outros os motivos mas peço-lhe que neste exercício nos foquemos nesta causa, também ela legítima e frequente. Porque a análise foi parcial, porque se recusou a vestir o sentir do outro, a resolução do conflito foi longa, difícil e dolorosa e apoiada pela análise que fez, centrada em si. Possivelmente em momento algum pensou no que estaria mal para que uma mentira fosse uma solução plausível ao outro e apontou o dedo, criticou e julgou o seu comportamento. A sua intenção foi mostrar-lhe como estava profundamente triste e magoado mas a atitude foi agressiva e de confronto. Gostaria de concluir, com este mero exemplo que a tendência é a julgarmos o outro pelo seu comportamento e a julgarmo-nos pela nossa intenção. É muito pouco provável que neste contexto o conflito se supere de forma rápida e eficaz. Por vezes são desentendimentos que se arrastam anos e anos e nos desgastam, rouba-nos alegria e tranquilidade. Note que não lhe peço que seja benevolente, porque há conflitos que têm o propósito tão e só de nos despertar de uma relação não saudável e sem futuro, seja de amizade, familiar ou amorosa.


O que lhe sugiro é que vá exercitando esta análise global dos desentendimentos e desencontros. Que se transporte ao lugar exacto do outro, experimentando o seu sentir e ensaiando o comportamento que acharia legitimo. E se fosse eu, como me sentiria? Qual teria sido a minha intenção por detrás daquela reacção?


Ser atento ao outro, ao seu comportamento e à palavra que espelha o pensamento implícito permite-nos investir de forma simples e eficaz no nosso desenvolvimento emocional e relacional. Questionar o nosso comportamento e a nossa intenção, bem como realizar processos de introspeção auxilia-nos na gestão dos conflitos e na promoção do desenvolvimento pessoal.

 
 
 

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