É normal!
- Ana Monteiro
- 20 de jan. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de jan. de 2021

O isolamento e o distanciamento que nos exigem são fulcrais e indispensáveis à protecção da nossa saúde física, da dos nossos familiares e amigos. Não é uma escolha, é uma obrigação! No entanto, esse escudo protector desampara-nos naquilo que é também essencial ao nosso bem-estar: a saúde mental. O confinamento, principalmente para aqueles que vivem sós, promove uma carência profunda na base emocional da natureza humana, o relacionamento interpessoal. É muito pouco provável que ao longo deste último ano, não tenha a determinada altura cedido ao medo, à angústia da incerteza, ainda que com relutância e resistência. Não somos programados em exclusivo ao raciocínio lógico, somos também feitos de emoções, aquelas que nos colocam por vezes à mercê da instabilidade, mas também são elas que nos nutrem a alma e que nos impulsionam a ser mais e melhores na nossa capacidade de transformação e superação. Não é de todo recomendado que ignoremos aquilo que sentimos; ignorar as nossas emoções é como tentar fintar a febre numa potencial doença.
Assim, convido-o a deixar-se sentir, não ignorar a emoção que esconde no suspiro, no sussurro do lamento ou no aperto no peito. É normal! É normal e expectável que ao vivenciar aquilo que só outrora em filmes ensaiávamos, nos possamos sentir abalados. É normal passar um dia de pijama, descrente no futuro, é normal obrigar-se a levantar numa manhã fria de um dia de confinamento, é normal chorar sem razão aparente, é normal ficar angustiado e com um nó na garganta…
Todos nós sem excepção, em alguma altura, vemos reflectido no espelho o olhar de um “eu” perdido, mas o que fará verdadeiramente diferença são os recursos e ferramentas que utilizará para ultrapassar esses momentos. Onde escolhe colocar o seu foco, a sua energia? Nas dificuldades que encontra, nas barreiras que teimam em se mostrar? Ou na capacidade de ver além do limite? Aquele foco que sem se dar conta derrubará barreiras. Dedicar-se às relações próximas, apoiar-se nos seus pilares relacionais, ser suporte dos seus familiares, encher o peito de esperança, apropriar-se de hábitos e rotinas que o irão auxiliar neste percurso que se sabe moroso e desafiante e investir na sua saúde emocional, tal como o faz ao adquirir suplementos e vitaminas que reforçam o seu sistema imunitário. Numa época em que as nossas vidas eram sujeitas a um velocidade extenuante, em que os momentos que nos cruzávamos com o nosso pensamento escasseavam, urge hoje sermos a nossa melhor companhia, fazer da nossa palavra o apoio do outro e dos recursos emocionais o alicerce do nosso bem-estar. Chegou a altura de olhar por si e para si, na certeza de que assim estará verdadeiramente presente para os seus.
Por hoje deixo-lhe a primeira dica: assuma a sua parte na responsabilidade do seu bem-estar!

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